“Maranhão se tornará polo de sustentabilidade global”, prevê Nelinha do Babaçu

As florestas de babaçu do Maranhão tem potencial para transformar diversas indústrias, defende empreendedora

Brasil247

Beatriz Bevilaqua, 247 – O babaçu, uma palmeira nativa do Brasil, se destaca como um símbolo de harmonia entre sustentabilidade e desenvolvimento econômico. Sua utilização como negócio socioambiental gera impactos positivos para comunidades tradicionais, consumidores e o meio ambiente, consolidando uma cadeia de valor verdadeiramente sustentável.

Cornélia Rodrigues, conhecida como “Nelinha do Babaçu”, é a fundadora da Reflyta e uma referência internacional em projetos de impacto socioambiental envolvendo o babaçu. Maranhense, filha de uma quebradeira de coco e de um lavrador, Nelinha tem como lema: “A melhor maneira de acabar com a desigualdade é fazendo conexões e gerando oportunidades”. Sua história é um exemplo de como desafios podem ser transformados em soluções inovadoras.

A Reflyta nasceu com a missão de criar oportunidades para os habitantes de Palmeirândia (MA), especialmente para mulheres quebradeiras de coco. Nelinha enfatiza a importância da inovação e da dignidade no trabalho com o babaçu, modernizando práticas tradicionais. “Eu criei um negócio onde todos ganham, oferecendo produtos jamais vistos no mundo”, afirma.

O babaçu é uma planta única: a única árvore que produz carvão sem necessidade de desmatamento. Além disso, seu ciclo de crescimento é rápido e eficiente. Em apenas dois anos, suas folhas ultrapassam 5 metros de altura, o que viabiliza sua utilização na compensação de carbono.

Além do impacto ambiental, o babaçu tem grande potencial nutricional. Nelinha firmou parcerias com a Embrapa Cocais e a Embrapa Agroindústria de Alimentos para criar um sachê nutricional à base de babaçu, voltado para o combate à desnutrição aguda e severa em crianças de zero a seis anos. “O babaçu não é apenas uma árvore, mas também uma solução estratégica para a saúde pública”, destaca.

Até mesmo as folhas da palmeira têm usos práticos e sustentáveis. Nelinha explica que é possível produzir canudos a partir do babaçu, uma alternativa ecológica aos de papel, que demandam grande consumo de água e corte de árvores.

A árvore atinge seu maior potencial econômico aos sete anos. “Nesse estágio, ela nos dá o babacinho, que gera um couro ecológico a partir de sua fibra. O endocarpo vira farinha para alimentos; o mesocarpo, a casca, pode ser transformado em carvão. Quando ativado, esse carvão é excelente para filtros, como os usados em automóveis”, explica a empreendedora.

A trajetória de Nelinha mostra que o babaçu é mais que um recurso natural: é uma fonte de inovação, sustentabilidade e empoderamento social. Seus produtos inéditos e sustentáveis moldam um futuro onde mulheres são protagonistas da economia, o meio ambiente é preservado e a desigualdade é combatida com oportunidades.

Veja a entrevista:

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